sexta-feira, 21 de maio de 2010

Um charme especial

Afinal de contas, o que é charme? De forma breve, é aquilo que encanta e seduz, provoca atração. Contudo, por senso comum, sempre relacionamos o charme a algo com estilo, com elegância, até com riqueza. Mas sempre existem exceções. A Libertadores tem um charme, que não é rico nem elegante. Muito pelo contrário, a Libertadores é farrapa, maltrapilha. Ela permite que tenha cachorro e pilha em campo, briga dentro de vestiário, bombas, fumaça e toda aquela selvageria que faz com que o futebol pareça uma batalha romana.
Saudável, não é. Esportivo? Muito menos. Mas isso seduz e encanta à todos aqueles que assistem, e este é o charme da Libertadores. E também, como já dito, Libertadores é Champions League, mas sem frescura.
Sorte ou competência
Há um senhor sempre postado à beira do campo. Mal encarado, feio. De semblante pesado e brigão. Bem vestido - socialmente - , porém sempre escabelado por ter além da gravata, uma corda no pescoço.
Jorge Fossati me desperta curiosidade. Não sei até onde ele realmente é um estrategista. Existe algum limite em que sua competência encerra e o uruguaio vira vibração. Como todo sul americano, seu sangue ferve e, sabe-se lá como, ele faz o certo. Fossati deu o doce ao Estudiantes e tirou na hora certa. Nos mesmos 43 minutos do segundo tempo de quinta passada. Que bom que o Inter levou dois gols, cedo. E que bom, que o Estudiantes acreditou que poderia segurar o resultado ao invés de tentar o terceiro gol, o que sairia facilmente. Se tivemos competência ou sorte, não sei. Abaixo de pressão o Inter avança. E, que assim siga. Com ameaça de demissão do contestado Fossati, com Alecsandro de titular, com Pato saindo da área, com gol aos 43 em meio a fumaceira adversária...
Entre a competência e a sorte, fico com a raça. O único atributo que vi no Inter, nessa Libertadores foi raça. Garra, que faltou aos demais.
Temos um Inter copeiro, apenas. Sem firulas, Adrianos e Ronaldos, que por sinal, já ficaram pelo caminho juntos, agora, com Sebástian Verón.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Coerência que satisfaz

Por mais contestado que seja, Dunga está certo. Preferências pessoais à parte, Dunga seguiu à risca uma escalação segura e correta. Enquanto todo mundo esperava novidades, elas não vieram e com razão. Como poderia Dunga chamar dois atletas que despontam atualmente, mas que sequer foram convocados uma vez apenas. Do contrário, como poderia ele, chamar dois atletas que já tiveram espaço na seleção, são craques e atualmente estão com problemas dentro e fora de campo. Dunga foi óbvio e dessa obviedade (coerente) fico satisfeito. Em todas as perguntas que questionaram o técnico, os repórteres tiveram de escutar quietos, o planejamento – acima de tudo – criado ao longo do tempo em que Dunga esteve à frente do poder, foi o que determinou as escolhas. Escolhas sólidas. E, assim como Felipão ao deixar Romário, o gaúcho leva para África, aquilo que temos de mais interessante, a chance de dar certo é grande. Eu acredito que, ao menos, teremos garra e sangue daqueles que respeitam as cores que vestem. Foi dessa forma, que Dunga venceu a Copa das Confederações, a Copa América e ficou em primeiro nas eliminatórias. Pouco interessa pra ele: nomes, história e apresentação nos clubes. Dunga treina a seleção e é a seleção que à ele interessa. Ele quer saber como estão os jogadores que para ele são úteis. Fica muito clara aí, uma questão: se fosse levar por nomes, Dunga levaria Pelé, se fosse para dar experiência, levaria seu filho.Em 2006, tínhamos apenas medalhões consagrados e deu no que deu... Treinos que eram shows, festas, mulheres invadindo o campo, ode ao futebol arte. Já em 2002, tínhamos assim como hoje, uma seleção de operários, todos unidos em um bem comum. Não há farra. Vi hoje, a convocação de 2002, onde nos perguntávamos: Kléberson?! Gilberto Silva?! Hoje nos perguntamos Elano?! Grafite?! Sim, Grafite. Ele será o substituto número 1 de Luís Fabiano, centroavante trombador. Se não levássemos Grafite, teríamos com exceção de L. Fabiano apenas atacantes leves e não centroavantes de peso. Assim como Adriano, que infelizmente não comparece aos treinos do seu clube nem quando o Jorginho – auxiliar de Dunga – vai à sua procura.Para situar todos, estamos no Brasil, e assim como disse o técnico da seleção de Portugal, o Brasil tem potencial de formar 3 ou 4 seleções competitivas, sempre terão contestações: levou este, deixou aquele. O cargo de técnico de seleção brasileira é assim. Assim como escritor de novela das 8, assim como toda aquela profissão que todos querem exercer e não podem. Eu confesso, gostaria de ser ou estar no lugar de Dunga e repetiria tudo o que ele fez, com exceção de Doni e Josué que trocaria por Victor e Sandro. Também sei ser palpiteiro.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Assim como os meninos de canela fina

A bola rolava. Não, melhor: a bola quicava... havia pedra, e pelo chão - batido - a bola não rolava... pulava, assim como os meninos de canela fina. Ela, a bola, fazia embaixadinha nas pedras passava por cima do pé e quando o levantávamos, ela escorregava na poeira e ia por baixo, era uma euforia de gritos e gargalhadas daqueles que esperavam do lado de fora pela sua vez. Eram tardes eternas e tão curtas, quanto os “gol-a-gol”, que tinham lá seus cinco ou dez minutos. O pasto onde tinha, era ralo, a bola era rala, os pés: descalços e por conseqüência, ralos também. A alegria era pura, sem pretensão, sem gana, sem depender do que nos está longe do alcance. A felicidade independente. Independente de qualquer coisa que aconteça. Que começa no primeiro chute moleque, pra cima, dá uma pausa quando a bola cai no vizinho e retorna, maior ainda, quando a bola surge alta, vinda por trás do muro alto, tapando o sol que é forte e aumentando os gritos, agora, somado a aplausos. O retrato de uma infância saudável e feliz. Afinal, não há nada que termine com a felicidade daqueles que ali estão, se estiver calor é bom, se chover, melhor ainda, enquanto a bola estiver pra um lado e pro outro – mesmo que rasgada, pelo vizinho - haverão aquelas canelas finas atrás. Mas é uma pena vermos que nossa infância se foi, não para nós, outrora canelas finas, pois ela sempre estará presente. Mas ver que aqueles que nos descendem, não terão campos ralos, nem tão pouco, pés descalços. Não terão machucados, canelas finas quem sabe, gripe pelas tardes na chuva...No amanhã, os pequenos terão apenas compromissos, desde cedo, vidas de adulto para responsáveis infantis. Responsabilidades pesadas sobre as costas daqueles, que ainda não criaram base para sustentá-las. Espero voltar a ver um dia no céu pipas cortando as nuvens, dando rasantes, e dançando de um lado para o outro... sem compromisso, assim como os meninos de canelas finas.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Duplas dinâmicas

Já dizia o velho ditado: por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher. Assim é para todos os casos, não só com mulheres por trás de homens, homens atrás de mulheres, homens atrás de homens e mulher atrás de mulheres, nesses últimos dois casos, podemos avaliar no sentido profissional e não no íntimo, senão teremos muita modernidade em um mesmo texto. Como exemplo, temos Ronaldo, o fofuxo. Na Copa de 2002, Ronaldo não seria nada sem Rivaldo, no máximo um coadjuvante.
E assim acontece com toda pessoa bem sucedida. Inclusive podemos avaliar o nível de sucesso e desempenho pelas pessoas que cercam aqueles bem aventurados. Ronaldo nas épocas de Barcelo, Real Madrid, Inter de Milão tinha ao seu lado, Cicarellis, Milenas... agora no Corinthians, Ronaldo tem André Luiz Ribeiro Albertino (Andréia Albertini).
Tenha certeza, Willian Bonner só é Willian Bonner pela mulher que tem, do contrário, seria mais um jornalista competente no nosso brasilzão. Assim é o Brad Pitt, assim é Beyoncé, para não parecer machista. Embora eu pense que Jay-Z não tem nada a somar, com exceção do dinheiro.
Porém sempre devemos valorizar os dois lados de uma dupla ou um casal. E o brasileiro tem como essa, mais uma de suas manias. O craque do momento é Neymar. Mas assim como Ronaldo e Rivaldo, nada seria Neymar, se não existisse Paulo Henrique Ganso. Apelidado de maestro, Ganso exerce com perfeição sua função dentro de campo e, para além de Neymar, Ganso é maduro. Dentro e fora de campo. À ele, chamo de gênio funcional (sem mesmo saber se existe esse termo), trocando em miúdos, é um gênio que busca resultado. Diferente de muitos. Ele dá o drible vertical, tendo como objetivo único e direto o gol e posteriormente, o resultado positivo. Ganso sim, é seleção. Merece a vaga pelo talento e maturidade que mostra, mas é claro que se sobrar uma “vaguinha”, não faria mal a ninguém levar Neymar.