terça-feira, 29 de junho de 2010

1994 em 2010

Impossível não falar de futebol. Impossível não falar de Copa. O Brasil de hoje é exatamente o Brasil de 94. Um time de pegada e vitórias que, embora expressivas, não consegue convencer. A boa e velha expressão: vence mas não convence. Assim é com Dunga.
Dunga é profissional de resultados, trabalha em cima deles. Toda e qualquer resposta de toda e qualquer coletiva de imprensa, assim que contestado ele escapa pela tangente falando -grosseiramente - de seu rendimento na Seleção, que convenhamos, é invejável. Esse treinador inexperiente e criticado tem personalidade, e venceu tudo o que disputou e por enquanto está respondendo à altura do Brasil na Copa.
Há uns dois anos atrás – ou mais- o atual treinador do Brasil era um dos convidados do Arena Sportv. À sua maneira, de português meio errado, de cara meio errada, ele contou sobre o mundial de 94, na minha opinião a Copa mais brilhante do Brasil. Naquele momento percebi porque Dunga é tão criticado. Ele, como de costume, foi curto e grosso. Lembro exatamente das suas palavras, quando o perguntaram sobre a aversão do brasileiro à Seleção da época: “nós fomos lá para ganhar, não para dar espetáculo, quem quer espetáculo, que vá ao teatro”. Dunga foi Dunga. Assim foi em 94, assim será em 2010. Ele sabe muito bem o quanto o criticam e o quanto não merece essas críticas.
Ele entende o futebol como deve ser entendido: resultado. Não importa se temos Josué e Felipe Melo. O que importa é o meio a zero. E, do pensamento no meio a zero, o Brasil chegou aos 3 a 0 em cima do Chile, um placar elástico para o contexto. A Copa de 2010 é a mesma de 94, a diferença é que Dunga mudou da camisa amarela para o sobretudo cheio de botões e também contestado. Não esperecem goleadas, esperem um título nos penaltis, se possível, contra os hermanos, nossos hijos no comando de Dunga.
A jogada de efeito, fica em segundo plano, a pedalada também. Na hora de levantar a taça, não se mostra os dentes em um sorriso aberto e sim, se grita: “p...”. A vida é séria com o Sr. Carlos Caetano e ele responde a altura. Pena que ele é o homem certo no lugar errado. Se nascesse na Alemanha e comesse chucrute, não teria problema algum, mas Dunga é brasileiro e o brasileiro, quer festa. Quem sabe, a hora que vencermos os argentinos, Dunga ganhe o respeito que merece há mais de 10 anos.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Inovação Regressiva

O que pode estragar uma Copa do Mundo? A Copa da África tinha - e ainda tem - incontáveis motivos pra dar errado, a começar pelo fato de ter como sede um país subdesenvolvido. Podia dar errado pelos estádios, que ficaram prontos em cima da hora, a pouca falta de segurança, as ameaças terroristas, o trânsito e todas as estruturas que são precárias na África. O maior evento esportivo do mundo podia ser manchado por qualquer um desses aspectos e a FIFA, deu a cara pra bater e está provando pra todos aqueles que não acreditam, que é possível sediar uma Copa.
As insuportáveis vuvuzelas – que para mim são cornetas, que existem desde a primeira Copa e só agora foram se dar conta – não estão estragando o espetáculo. Elas dão um parâmetro diferente, um modo diferente de como os torcedores, de lá, vibram e celebram o futebol. Assim com os argentinos cantam o jogo inteiro e os hooligans brigam.
Mas o que mais decepciona nesta Copa não é nada disso, é da onde menos se esperava. Fechamos hoje a primeira rodada da Copa de 2010 sem contar sequer, com um jogo com qualidade de Copa do Mundo. Já vimos Brasil, Argentina, Itália, Holanda e até agora nenhuma mostrou o que pode e o que sabe. Graças a outra personagem – negativa – desta Copa, Jabulani.
Maldita Jabulani, maldito o planejamento da FIFA e da Adidas que lançam a bola da Copa há poucos dias do início do mundial.
O pior de tudo, é o fato de a bola lançar um novo conceito, sendo mais leve, com menos gomos, com ranhuras e tudo o que está ajudando a termos jogos e lances de várzea em um certame mundial. Onde estão os lances de maestria, os gols de placa, as goleadas históricas? Dúvido que todas as seleções podem sofrer tanto com a estréia, fazendo com que todo nível técnico se iguale. Toda técnica e talento daqueles jogadores que lá estão, se esbarram na inovação da Jabulani, uma inovação no mínimo desnecessária.
Sinceramente, estou pouco me lixando para vuvuzelas, atrasos e problemas de estrutura, desde que no íncio dos jogos esteja no centro do campo uma bola decente, que nos permita saber porque aqueles jogadores são os melhores do mundo.