sexta-feira, 26 de março de 2010

Porto Alegre é demais!

Porto Alegre é demais. Seja na voz de Denardin ou nos versos do Coronel. Porto Alegre é feliz, sorri pra mim. Multifacetada, assim ela é, uma capital com ar de interior. Essa cidade me faz sentimental, nostálgico, me faz sentir saudade mesmo sem sair daqui. Porto Alegre me tem, pois se tornou meu destino desde que a conheci e juro, não sosseguei, enquanto não estive aqui.
Não preciso de qualquer outro lugar, já conheci o melhor daqui, já vi o belo e o necessário. O pôr do sol, não tem igual, por favor, não leve a mal. Porto Alegre, das gurias, dos etecéteras... Ah, as gurias de Porto Alegre! Não há iguais. Há orgulho de estar aqui, de viver aqui.
Em Porto Alegre, tenho o vermelho e tenho o azul, não preciso de mais nada. Daqui saíram os melhores do mundo, algum motivo deve ter. E mesmo sendo assim, saindo, aposto que vão voltar. Quem sabe Porto Alegre é a melhor por saber ser meio termo. Não é cidade grande, mas também não é pequena. Aqui faz frio, muito frio, mas também, faz calor, que calor!
Há comida chinesa, francesa, há churrasco de fronteira. Tem calmaria, agitação. Nas manhãs há ar puro nas esquinas, posso respirar, porque o cinza não tomou conta daqui. Tenho bons dias, boas noites... Não me imagino longe daqui, não me imagino longe de ti, Porto Alegre.
Aprendi a dizer: falastes, fizestes, ligastes... Pra mim, tu é um caminho, o meio, aqui me sinto e me vejo perto do mundo, perto de tudo. Estou em casa. Não é Nova Iorque, não é Uruguaiana, mas está entre elas. Por isso estou tranqüilo, ando a pé pelas ruas... Quero vivê-las.
Porto Alegre me atrai, ir assim te descobrindo aos poucos, como em um namoro. Não sei muito de ti, mas gosto assim, como vou levando. Mas não diga a ninguém.
Parabéns, Porto Alegre, tu me tem.

quarta-feira, 24 de março de 2010

O que Axl Rose tem a ver com Isabella Nardoni

Vivemos e morremos à luz de Debord. Exemplo estampado disso é o caso da menina Isabella Nardoni. Guy Debord foi um escritor francês, que dentro do seu portfólio, consta uma tal Sociedade do Espetáculo, teoria esta, que devia lhe conseguir emprego em qualquer lugar, se ainda existisse. A Sociedade do Espetáculo, resumindo toscamente, explica o mundo do espetáculo que vivemos cada vez mais. Tudo é atração e show. Não ficando fora disso, a tragédia alheia. Nas palavras do senhor Debord: “Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação.” O cara era bom, não?!
Isabella Nardoni, sofreu. E por incrível que pareça, quanto mais se descobre o quanto ela sofreu, mais espetáculo se torna. Ela foi espancada, estrangulada, agredida e ainda arremessada pela janela. Há quem compre ingresso pra ver. Não duvido que exista cambista na fila, vendendo “furo”. Uma indefesa menina que, na mão de um pai e uma madrasta desumanos, penou o que ninguém no mundo mereceria, exceto eles próprios, que lhe causaram isso.
A relação que aplico no título do texto é justamente para explicitar o quanto vivemos no ritmo: espetáculo, atrás de espetáculo. Isabella Nardoni já se foi, e há quem, assim como os fãs de Axl Rose, madrugue em uma fila, para ver o resultado de tudo isso. Pessoas sem ocupação e, em alguns casos, pessoas com ocupação que abrem mão de suas ocupações, para madrugar em uma fila e ver o espetáculo acontecer, como no show do ex/atual Guns.
No Jornal Hoje do dia 22 de março, fica evidente essa “espetacularização”, quando a repórter entrevista um homem do interior de São Paulo que viajou até lá para assistir ao desfecho. E ele disse, que onde mora, não há morte desse tipo, que lá, só existe árvore e passarinho.
Guy Debord, criou a teoria que é mãe do nosso cotidiano. Precisamos ter Axls Roses, Isabellas, Dourados brigando com Dicésares, ao vivo. Não vivemos sem um espetáculo, seja ele qual for. Já nos habituamos com isso e, tenho certeza, não saberemos mais viver apenas vendo árvores e passarinhos, nem que para isso tenhamos que viajar e faltar ao trabalho.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Não queria escrever sobre isso...

Por Deus. Gostaria muito de saber o que passam na cabeça dos nossos técnicos. Tamanha é minha revolta que não escreverei hoje, nem crônica, nem conto, nem ficção para explicar algo real. Se soubesse o que aconteceria, faria uma história possivelmente engraçada e provavelmente irônica e, lá no final, uniria isto ao nosso cotidiano, mas por Deus. Fossati e Silas não dá. Isso mesmo... Silas, não dá!
Tanto um quanto outro são criticados e muito pelos torcedores da dupla, e não era para menos, os dois causam irritação até em um mestre de Yôga.
Dias atrás acompanhando Inter e Cerro, percebi tudo o que um técnico não deve fazer.
Fossati no jogo em Rivera, foi vaiado em quase tudo o que fez, assim como Silas, que é vaiado na maioria dos jogos. Confesso, não gosto de postar esse tipo de texto, não foi pra isso que criei o blog, mas são inadmissíveis as decisões tomadas por nossos ténicos. Fossati, cria escalações e sistemas que não se encaixam e não são justificados nem taticamente e muito menos, tecnicamente. O técnico colorado entrou em campo com Alecsandro e Edu, sinceramente, não sei qual pode ser pior.
Não bastasse isso, no decorrer do segundo tempo ele tenta uma mudança, mais absurda ainda. Troca Giuliano e D’alessandro, os dois melhores jogadores do Inter, e coloca Tyson e Andrezinho. Tudo bem, aceito e concordo com os jogadores que entraram, mas como tirar dois meias armadores?! As duas maiores esperanças de gol do time. Os dois craques. De que adiantam três “atacantes”, se não há quem os alimente com qualidade?
Não podia haver outra saída. O Internacional permaneceu com a bola, mesmo dando mais chance ao Cerro e ainda ficava trocando passes entre seus zagueiros, não havia quem levasse a bola até a área adversária. Um final de jogo mais deprimente ainda. Como foi ontem, contra o Pelotas em casa, o Inter agrediu mas não efetivou suas inúmeras chegadas ao ataque e permitiu o empate do visitante nos últimos minutos.
Fica aqui meu protesto, não por ser Inter, não por ser Grêmio, mas por aceitar que clubes desse poder engulam esses treinadores, profissionais medíocres, pra não falar outra coisa. Posso agora, confirmar minha constatação: Colorados, enquanto estiverem Alecsandro e Edu em campo, esqueçam qualquer título neste ano. Libertadores, uma pinóia.

sexta-feira, 12 de março de 2010

O que nos dizem as botas...

Haviam umas botas. Que botas! Um par de botas que mereceria uma exposição exclusiva para si...Só não mereceu por não receber apoio do Ministério da Cultura. Porém convenhamos, há botas e botas. Algumas delas são extraordinárias. Qualquer destemida que calçá-la, estará pronta. Pronta pra tudo. Os pés, que nesse tipo de sola se aconchegam, estarão prestes a encarar algo novo. Até porque, inacreditáveis, são as botas. E inacreditável será aquela que dentro dela estará enraizada. Podia haver um ditado, se é que já não há, que cite: “diga-me o que calças, que te direi quem és”. Na verdade já existe um parecido.

Mas voltando as botas, elas diziam, e muito, sobre aquela criatura. Era uma bota enegrecida, assim como ela. Uma bota reluzente, assim como ela. E acima de tudo, a bota era roliça e torneada, assim como ela. Deve ter custado caro aquilo. Provavelmente lhe foi comprada por um de seus "súditos”.

O cano, da bota, era justo, calçado à vácuo. Se firmava na parte mais polpuda da panturrilha. Apertava de modo que o cano não escorregasse e também permitia que naquela panturrilha, pulsasse o sangue. E pulsava, com fervor. O cano era firme. E isso era bom.

Findando o cano, permanecia o cerne, o conteúdo, que assim como nos livros, é o que interessa, normalmente. Aquela tez lisa e curvilínea dava segmento a lisura e curvatura do cano, da bota. Quanta pressão. E a pressão seguia. Curva pra cima, curva pra baixo, intersecção. Todas fechadas, não havia naquele território, sequer, uma reta. E essa quantidade de curvas era coberta por um longo e espesso sobretudo. Aquele casacão, sobretudo, escondia o jogo e criava aflição em todos. Era impossível saber que tantas curvas se curvavam por debaixo daquela estupidez de casaco, sobretudo.

Mas o que realmente importa dessa história toda, não é a bota ou o cano. E nem o sobretudo, sobretudo.

É sim, a personalidade que aquele calçado trazia. Tenho absoluta certeza de que qualquer pessoa da face da Terra conseguiria descrever e entender de quem estávamos tratando. De qual moçoila teria a ousadia de comprar e principalmente, calçar seus pés 35/36 dentro daquela ofensa de calçado.

Com apenas uma parte daquilo que lhe vestia, já conseguiríamos descobrir de quem se tratava em questão. Em um close, em um fato.

E assim é Pato, Abbondanzieri. Há quem diga que sua contratação pelo Internacional foi errônea, por ser um goleiro velho, em fase decadente. Mas mesmo o Inter levando sufoco do medíocre Deportivo Quito, Pato mostrou porque é tão respeitado lá fora. Além das defesas, assim que percebeu o grave erro do árbitro no pênalti marcado, partiu pra cima do auxiliar, como todo bom argentino. Conseguiu fazer com que o árbitro voltasse atrás, humildemente. Se dependêssemos de Lauro, veríamos uma cara de injustiça e um gol a mais no score do adversário. Mas menos mal, que o Inter teve audácia e ousadia: comprou para si a bota da imponência, a bota da personalidade, que em um lance, justifica seu valor.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Simpatia necessária

Como faz bem uma gordinha...No inverno, nem se fala. Já quero esclarecer aqui, não há ironia nenhuma no que digo. Todas mulheres, leiam bem, todas, só serão perfeitas quando tiverem o espírito de uma fofinha.

Quando aliarem a beleza de uma mulher em forma com a simpatia de uma gordinha, daquelas que não se envergonham em comer maçã do amor e algodão doce. Quanta simpatia há entre aqueles dentes, naquelas bochechas lustrosas... Dentro daqueles anéis que percorrem a cintura, há felicidade em abundância. Aquela felicidade brota da alma, de quem pode comer sorvete de creme sem culpa. De quem não se importa em tomar um litro de coca por dia. De quem pede uma pizza mafiosa com borda de cheddar na terça e a deglute sem dó.

O que mais me agrada é o esforço de quando elas são testadas. Elas tem um ímpeto e uma altivez comparadas ao Guiñazú em campo. Raçudas são elas...E muito nos agradam. Quando surge uma oportunidade de conquistar um homem elas a encaram com um desafio, o último. E vão pra cima, ah vão!

Todo mundo, embora negue, prefere uma gordinha feliz ao lado, do que uma sarada chata. Que passa o tempo inteiro falando de si e dizendo ser melhor das demais. Não é... Elas puxam o lençol e empurram da cama, por outro lado as gordinhas agradam, aquecem e mimam mais do que uma avó.

Assim são elas, felizes e esforçadas e isso faz muita gente feliz, também.

Muitas vezes o que precisamos não são de pessoas de outro mundo, de figuras intocáveis e sim de esforço e dedicação. Feliz é o homem que junta suas escovas com uma gorduchinha. Pois ela, com certeza, dará tudo que ele precisa, e ainda com felicidade e boa vontade.

E assim, é a dupla grenal. Em muitas posições eles deixam a desejar por não terem nome de peso. Tanto Grêmio, quanto Inter, em muitas posições não tem grandes jogadores de fama internacional. Mas tem as “gordinhas” do futebol brasileiro, como todos clubes.

Nei, Andrezinho, Ferdinando, Jonas... Não tem grande sucesso, não são craques, mas estão ali... Felizes e esforçados, como as gordinhas. E o clube de futebol só terá absoluto sucesso quando conseguir um craque – comparado à modelo – com o esforço e a boa vontade de um Nei ou de um Jonas, as simpáticas rechonchudas do futebol brasileiro.