domingo, 25 de julho de 2010

Guitarra y voz

Há dias que vamos a um jogo de futebol e apenas um gol, vale o ingresso. Há filmes em que apenas por uma cena, vale a hora e meia “perdida” na frente da TV. Sobre isso, podemos afirmar que a decepção é totalmente proporcional a uma expectativa não alcançada. Jorge Drexler é contrário é isso. É uma grande expectativa e, mesmo assim, consegue ir além: alcança e supera qualquer expectativa, em seu espetáculo. Talento não falta nem a ele nem a sua banda. Tendo como componentes, argentinos, italianos, espanhóis e ele, uruguaio. A variedade, mais do que nas nacionalidades, se expande até a quantidade de instrumentos no palco e a versatilidade atinge à todos. O baixista vai até a bateria, o percursionista assume o violão, todos giram como um time de vôlei. Durante o espetáculo percebe-se o quanto ensaiado e esculpido é o ritmo de suas criações. A linha dos tons entre as músicas e durante elas varia de forma abismal. Sobe, desce, apressa, reduz, regidos pela voz e as notas de sua guitarra. E diante disso, percursão e metais complementam de melhor forma ainda, as diversas milongas do músico. Seguindo o real significado de intérprete, Drexler, vive as músicas, diferente de muitos cantores atuais que são apenas uma voz em cima do palco. Dentre esses, e tantos outros diferenciais, o cantor – ou intérprete – conversa e dialoga de forma muito informal com a platéia entre todas as músicas, aceita pedidos, faz piadas, leva a voz de todos para cima do palco, junto com o grupo, até ensina a cantar.É bom saber que existem aqui, da América do Sul para o mundo, artistas com tanto potencial. Não menos do que justo, o Oscar ganhado por ele. Diferente do ingresso de futebol, que é válido por apenas um gol, o show de Drexler valeria com qualquer - e apenas - uma de suas músicas.
Volte sempre para a América, Jorge Drexler.