quarta-feira, 29 de julho de 2009

O ponto fraco do Café

Nos meus tempos de mocidade, conheci uma grande pessoa, literalmente. Era bom em tudo o que fazia, dos compromissos profissionais às noitadas sem lei. Tão engraçado quanto brabo, tão revoltado quanto brabo e tão brabo quanto engraçado. Se resumia assim seu ciclo.
Dentre suas várias atribuições, umas das principais, era sua habilidade com as mãos; chegou até ser goleiro de clube. Nos áureos tempos do colorado porto alegrense.
Era facilmente reconhecido pela sua voz, que se igualava a de um urso, e sua barba uniforme, que também se igualava a de um urso. Alto, largo e estúpido, e acredite, tão estúpido quanto um urso. Café. Café era seu codinome.
Seu apelido foi dado devido à cor da sua tez. Era um mulato, colono; Um colono mulato. Por sob a barba de urso estava lá, a cor do café. Variava tons, e assim, chegava a ser comparado a um capuccino, puro exagero.
Quem sabe era por isso que o Café fazia tanto sucesso com as mulheres. Afinal, hoje em dia, toda mulher que se preze gosta de café, e consequentemente do Café. A simpatia era o seu forte. Assim vivia Café. Brabo, engraçado, revoltado, mas inegavelmente com a simpatia. A simpatia que todos temos com o Café, afinal é brasileiro.
O que aconteceu de curioso, é que um dia descobri o ponto fraco dele, do café. E vi, que no seu amargo, havia algo que o adoçava. Ele, covardemente fugia. Café se dizia conquistador, e de certo modo, era. Dizia fazer sucesso com as mulheres altas, grandes e robustas como um queijo colonial. Mulheres de porte, tipo Rebeca Gusmão e Edinanci Silva...
Exibido dizia, sou grande. Portanto, o mínimo que exijo é uma mulher à altura, literalmente. Porém, num belo dia primaveril, Café deu o braço a torcer. Ou admitiu sua fraqueza, ou se deu conta onde ela estava. Sua fraqueza estava, no máximo, na altura do seu esterno - quando de salto-. Que ironia, Café. Um mulato, colono. Colono mulato, de dois metros de altura, e quase isso de largura; se viu enlaçado, dominado, e tantos outros “ados” por uma criatura que não lhe cobria um meio de área. Um rapaz com tanta destreza, tanta força, com as ancas largas sinal de fecundidade, estúpido como um urso. Que blasfêmia!
Mas assim aconteceu. E devemos aprender com o Café.
O Café se deteve nos grandes perigos e, inocentemente, não percebeu que o maior perigo que lhe rondava, estava em baixo do nariz, mais uma vez, literalmente.

Fica a lição e também o conselho. Tomemos cuidados, ou não. Afinal, às vezes é bom sentir que o perigo - e o nosso ponto fraco - estão, no máximo, à altura do esterno.