quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Batom na Cueca

Henrique era um conquistador nato. Invejado por todos os homens. Admirado pelas mulheres. Por todas. Era casado, mas seguia a teoria de que cavalo atado também pasta. Henrique pertencia à turma da falcatrua. Todos os invejosos interrogavam as mulheres vitimadas por Henrique. As respostas eram intrigantes e sempre as mesmas: nenhuma palavra, apenas suspiros de “ahh” e “uuhh”. Não se sabia o quê, mas se sabia que ele tinha. O Henrique tinha. Igual ao Zé Mayer, não se sabe o que, mas ele tem!
A turma do deixa disso, alertava o Henrique. Diziam: - Henrique deixa disso! Um pouco por ciúme, um pouco por pena de sua esposa. E realmente, era de dar pena. Era de consenso sabido que Henrique a amava só não se descobria porque Henrique lhe causava tanto mal.
Quando contestado, Henrique disfarçava. Dizia: faço bem feito, ela nunca irá descobrir, nem desconfiar. Realmente, Henrique fazia bem feito e bastante e várias vezes. Mas com a astúcia dum coringa no assunto. Seu cardápio era mais variado do que o de um restaurante à kg. Ia de morenas retacas e pequenas, fortes, brutas, rudes e de beleza até ofensiva até loiras altas, de cabelos esvoaçantes, de rostos finos, de panturrilhas torneadas, de pés delicados, de mãos suaves... Enfim, loiras e morenas!
Sua mulher, não ficava para trás. Contudo, era ruiva. Uma ruiva, fogosa, agressiva (no bom sentido), de pernas roliças (também no bom sentido)... Enfim, uma ruiva. Com tudo que uma ruiva deve ou deveria ter. Que ruiva! Mas era enganada. Não merecia.
Até o dia em que a ruiva, encontrou no cesto de roupa suja, uma cueca com batom. Ou melhor, uma marca de batom na cueca. A expressão já diz tudo... Batom na cueca não tem explicação. A ruiva não disse nada, apenas mostrou a cueca ao Henrique. Levantou-a com repúdio, com nojo, prensando o elástico entre o indicador e o polegar, deixando a mostra aquele borrão de batom... Na virilha... Bem na virilha... E seguiu sem dizer nada... Quem diria hein Henrique?
O Henrique ficou sem jeito, levou o dedo “pai de todos” até a nuca, coçou, coçou... Fez uma cara de “pois é” e nada disse também... Saiu da sala, foi até o quarto, fez a mala, foi embora, sem dizer nada. Pois é assim que reage quem deixa escapar um batom na cueca... Porque em meio às falcatruas de quem as faz, sempre escapa um batomzinho... E esse batomzinho acaba por denunciar todas as falcatruas que foram escondidas e disfarçadas...
E eu espero, ansioso, o dia em que encontraremos um batom na cueca do nosso querido Presidente Lula.