sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Como ser feliz

O Brasil sabe. E a cidade maravilhosa, também! Estamos felizes. Demais. As Olimpíadas são nossas, e isto pelo melhor dos lados deve servir de motivo para vermos que, com boa vontade, conseguimos e podemos ser melhores que chineses, americanos e europeus.
O Brasil tem a receita da felicidade, e desconfio que esteja no bolso do nosso querido presidente. Devemos pegá-la. Lula sabe, de um modo ou outro, conquistar a simpatia do público e dos seus eleitores. Seja viajando para Copenhague para discursar pelo esporte, seja descobrindo sal embaixo da terra. Este gordinho, barbudo e sem um dedo mínimo, está surpreendendo à todos, inclusive a mim, e entrando pra história com bons e maus feitos. Mas sem dúvida, feitos.
Discursou – obviamente, em português – frente aos homens mais poderosos do planeta, em destaque: o moreno e o olhinho esticado. E não deixou a desejar, tanto que levou – ou melhor, trouxe – as Olimpíadas para o Rio.
Aí mora minha preocupação, no Rio. A cidade maravilhosa! Imagina se acontece algo errado? E se os traficantes não fornecem uma “pura” aos turistas? E se as pizzas terminam frias nas mesas dos líderes políticos que se achegam para prestigiar o evento? E se o churrasco de confraternização estoura a tampa e cai na carne? Terá uma segunda opção? Feijão tropeiro, quem sabe... O pior: Imagina se uma bala perdida encontra alguém? Que vergonha seria...
Mas assim é o Brasil. Assim, feliz! Não importa que tenhamos balas, pizzas azedas, churrascos com vidro... A Olimpíada é nossa! Retrato dessa indiferença era a quantidade de pessoas na praia em pleno meio dia de sexta feira. Todas orgulhosas. Procurando as câmeras para gritar em alto e bom som: estou faltando o trabalho pra vir aqui! Que beleza!
Somos o retrato dos nossos líderes, que estão faltando o trabalho para ir à Copenhague. Porém não vamos culpá-los, pois eles fizeram o dever de casa, fora dela. São exemplo de como faltar aos deveres e ao mesmo tempo se redimir. Outro feito surpreendente. E é por isso e pelo que – tenho certeza - há de vir, prometo: não me preocuparei mais com nenhum dos problemas da nação, faltarei ao trabalho para ir à praia, não ajudarei as vovós a atravessar a faixa e muito menos pararei nos sinais vermelho. E se conseguir algum dinheiro público, juro que vou a Copenhague. Sabe porquê? Por que a Olimpíada é nossa! E com isso, já estou feliz, à moda brasileira, é claro!