terça-feira, 11 de maio de 2010

Coerência que satisfaz

Por mais contestado que seja, Dunga está certo. Preferências pessoais à parte, Dunga seguiu à risca uma escalação segura e correta. Enquanto todo mundo esperava novidades, elas não vieram e com razão. Como poderia Dunga chamar dois atletas que despontam atualmente, mas que sequer foram convocados uma vez apenas. Do contrário, como poderia ele, chamar dois atletas que já tiveram espaço na seleção, são craques e atualmente estão com problemas dentro e fora de campo. Dunga foi óbvio e dessa obviedade (coerente) fico satisfeito. Em todas as perguntas que questionaram o técnico, os repórteres tiveram de escutar quietos, o planejamento – acima de tudo – criado ao longo do tempo em que Dunga esteve à frente do poder, foi o que determinou as escolhas. Escolhas sólidas. E, assim como Felipão ao deixar Romário, o gaúcho leva para África, aquilo que temos de mais interessante, a chance de dar certo é grande. Eu acredito que, ao menos, teremos garra e sangue daqueles que respeitam as cores que vestem. Foi dessa forma, que Dunga venceu a Copa das Confederações, a Copa América e ficou em primeiro nas eliminatórias. Pouco interessa pra ele: nomes, história e apresentação nos clubes. Dunga treina a seleção e é a seleção que à ele interessa. Ele quer saber como estão os jogadores que para ele são úteis. Fica muito clara aí, uma questão: se fosse levar por nomes, Dunga levaria Pelé, se fosse para dar experiência, levaria seu filho.Em 2006, tínhamos apenas medalhões consagrados e deu no que deu... Treinos que eram shows, festas, mulheres invadindo o campo, ode ao futebol arte. Já em 2002, tínhamos assim como hoje, uma seleção de operários, todos unidos em um bem comum. Não há farra. Vi hoje, a convocação de 2002, onde nos perguntávamos: Kléberson?! Gilberto Silva?! Hoje nos perguntamos Elano?! Grafite?! Sim, Grafite. Ele será o substituto número 1 de Luís Fabiano, centroavante trombador. Se não levássemos Grafite, teríamos com exceção de L. Fabiano apenas atacantes leves e não centroavantes de peso. Assim como Adriano, que infelizmente não comparece aos treinos do seu clube nem quando o Jorginho – auxiliar de Dunga – vai à sua procura.Para situar todos, estamos no Brasil, e assim como disse o técnico da seleção de Portugal, o Brasil tem potencial de formar 3 ou 4 seleções competitivas, sempre terão contestações: levou este, deixou aquele. O cargo de técnico de seleção brasileira é assim. Assim como escritor de novela das 8, assim como toda aquela profissão que todos querem exercer e não podem. Eu confesso, gostaria de ser ou estar no lugar de Dunga e repetiria tudo o que ele fez, com exceção de Doni e Josué que trocaria por Victor e Sandro. Também sei ser palpiteiro.