segunda-feira, 8 de junho de 2009

É a malemolência...

Havia uma frase, que de tão correta e oportuna, virou um jargão. Pra falar a verdade, foi a frase mais bem dita e elaborada que ouvi na vida. Quando utilizada com sabedoria, dizia tudo, tudo. Mesmo sem dizer nada. Sintética, oração curta, direta, objetiva! Apenas três palavras, palavras de efeito. Ao mesmo tempo que utilizava da obviedade, tinha grande porção de malandragem e muita malemolência.
Nunca vi fazer mal a ninguém. Muito pelo contrário, causava felicidade e euforia, por quem era dita e por quem era ouvida. Dava mais “graça à cousa”, que frase! Parávamos, olhávamos engatilhávamos e soltávamos: Morena, é dez! Ahhh! Quanta alegria. O criador da mesma, era o que mais sabia usá-la; pois havia sempre, uma entonação diferente a ser usada, um timbre, uma pausa.
A morena? A morena reagia, feliz, saltitante, serelepe e sorrateira. Se estivesse rebolando, após a frase parecia que perdia os ossos, e se mexia. Ahh, se mexia! Era uma festa.
Pra falar a verdade nunca vi a frase realmente render, mas mesmo isso não acontecendo ela não perdia o seu brilho. Muitas vezes saímos tranqüilos, sem obrigação alguma de fazer a "coisa render". Nos preparámos física e psicológicamente para apenas chegar no local, dizer a célebre frase e voltarmos radiantes para casa. Assim é a vida. Deve ser tudo planejado e calculado. Esta frase com certeza, foi pensada por anos e anos, reformulada, reconstituída, para finalmente ser o que é.
E para falar a verdade, tão importante quanto a sabedoria para a criação da frase, é necessário o chamado felling, de quem a utiliza, pois o contexto, o momento deve ser oportuno. É exatamente daí, que as frases tiram seu valor e seu poder. Saber dizer a coisa certa, no momento certo e principalmente, pela pessoa certa.
Semana passada ouvi uma frase assim. Dita por uma de nossas infinitas "morenas 10". Luana Piovani, após o lançamento do seu novo e grande filme, "A Mulher Invisível" citou: "milhares já brocharam comigo". Todo mundo sabe o que ela quis dizer, mas por falta da malemolência, que sobrava à "morena, é dez", Luana Piovani penou, e abriu margem para todos nós fazermos um cálculo, de que sua experiência se dá com no mínimo três zeros atrás. Quanta inocência Lu... Esta frase, teve tudo. Personagem adequado, contexto/tema adequado e também a época ideal. Faltou apenas uma coisa, quem sabe o mais importante ingrediente: malemolência. A malemolência que sobrou à Nilton Santos na Copa de 1962, quando deu um passo a frente e fez dum penalti uma falta. Mas finalizando, o único conselho que posso dar à nossa adorada Luana, é deixar de lado esses milhares e treinar um pouco mais sua malemolência, claro que no português, porque fora disso, ela tem de sobra...Afinal, Luana, é 10!