segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O futebol não perdoa

Falcão, como foi parafraseado durante a entrevista, citou que um grande craque morre duas vezes, ao se aposentar e ao morrer, de fato.

Pois bem, hoje Ronaldo morreu, pela primeira vez. Como toda pessoa que morre vira herói, com ele não deveria e não foi diferente.

De gorducho, “fofômeno” e “Ronalduxo” voltou a ser o craque do Real Madrid, do Barcelona, da Inter de Milão, o artilheiro de Copas do Mundo, eleito três vezes o melhor jogador do Mundo. Apenas com o pedido de aposentadoria.

Ronaldo fez o certo, quem sabe mais certo seria se saísse ao final do ano passado, evitando a decadência, por cair na pré-libertadores para o Tolima. Mas Ronaldo é craque e não vidente, mesmo limitado foi corajoso e tentou conquistar um dos poucos, quiçá o único título que lhe faltava na carreira, o do Continente da América. Mais um exemplo que o dentuço deixa.

O que irá acontecer agora com o fenômeno? Emagrecerá. Sem a pressão da fiel, sem mil câmeras em cima de si, sem críticas ferrenhas, Ronaldo terá a paz que merece e além deste peso que retirou hoje das costas, perderá também o que leva na barriga. Diga-se de passagem, não é pouco.

Independente de tudo isso, Ronaldo impressionou na coletiva. Por sinceridade ou por hipocrisia, o eterno camisa 9 da seleção citou invariavelmente o quanto o Corinthians representou em sua trajetória. E, na maioria das vezes, citou a torcida, a fiel. Seria paixão mesmo? E o amor que ele dizia sentir pelo Flamengo? Se esvaiu?

Comparado ao seu sucesso nos demais clubes que passou, o Corinthians não representa em nada. Muito pelo contrário, Ronaldo, com exceção de um paulistão, nada conquistou em seu retorno, foi contestado e motivo de chacota, como ele mesmo citou na coletiva de imprensa. Em alguns treinos, a torcida entoava cantos que chamavam o “Coringão” de spa do Ronaldo. No mínimo, uma relação de amor e ódio.

Por interesse próprio, quem sabe, Ronaldo tenha citado tantas vezes a nação corinthiana ou por ser um passado próximo, por ser um clube brasileiro...

Mas sejamos objetivos, o que fica de tudo isso é o ensinamento de que, no futebol, o perdão de ambos os lados, só acontece quando uma das partes abre mão do seu interesse, desta vez foi de Ronaldo. A competição, cada vez mais acirrada, não permite erros, nem quilos a mais. O torcedor é exigente e cobra que, independente da história que um jogador tenha, ele dê resultado positivo dentro de campo.

Agora, longe - ou nem tanto - das quatro linhas Ronaldo Nazário está perdoado, voltou a ser ídolo, voltará aos estádios para ser aplaudido não para ser chamado de gordo. Até porque, agora Ronaldo irá emagrecer, e principalmente não terá a obrigação de fazer gols e jogar em todas rodadas, o que pra ele já não é tão simples.